Sem televisão e sem rádio e net fica até fácil entender porque a
culinária acabou sendo um ótimo passatempo na roça, agora que os dias
são quentes, mas incrivelmente chuvosos.
A estação chuvosa começou tarde, com quase 2 meses de atraso. Agora vai
chover muito. Hoje, por exemplo, não vejo a montanha da frente. Tudo é
branco, e sem vento a água vai caindo sem parar, como uma parede.
Na casinha, meu pai começou a lembrar da infância na holanda, antes e
depois da guerra. Falava dos pães que sua mãe fazia e da alegria que
daria a ele fazer uma receita.
Fomos na cidade no dia seguinte, na segunda de manhã bem cedo. Acontece
que em São Chico, tudo fecha nas segundas. Ou quase tudo.
A padaria da Carmem esta aberta; Graças a deus. Ela é padeira, confeiteira e poderá me vender os ingredientes.
Dito e feito. Pra que você quer tudo isso? Expliquei: Meu pai quer fazer
uma receita de Krenten Brood, um pão holandês da infância dele, uma
espécie de panetone.
Krenten Brood, repetiu a Carmem, com cara de curiosa.Eu também estava. Animada.
Vamos então, sr. padeiro. Vamos pra casa fazer Krenten Brood.
A receita é grande. Confesso que fizemos a receita 3 vezes já. O segundo
ficou sem crescer. Decepção. Vinha gente e papai ficou triste, como uma
criança que não ganha presente no natal. Tínhamos farinha, fermento e
frutas cristalizadas. Faríamos uma terceira vez.
Que bom. Deu certo.
Um quilo de farinha branca, misturada com dois saquinhos desses de
fermento para pães. Misturar tudo com meio litro de leite morno, um ovo
inteiro batido, frutas cristalizadas (eu coloquei 500 gramas, pois meu
pai queria muita fruta), com uma pitada de sal.
Vale falar que não é panetone. É pão!
Vai para um lugar morno, numa bacia depois de sovadinho, coberto com uma
toalha pra não pousar mosca, e deixar descansar por 40 minutos. Depois
sova mais um pouco, separa em formas e deixa crescer mais uns 40
minutos, no mesmo lugar quente.
Eu costumo untar as formas com manteiga, farinha, coloco metade da forma
com a massa do pão e deixo crescer no forno morno, mas desligado. Aí
ligo o forno e é mais uns 45 minutos.
Passa manteiga, geleia, mel, queijo para quem gosta de misturar salgado com doce, algo que eu simplesmente adoro.
Falei pro meu pai que postava a receita aqui. Ele concordou.
Foi uma alegria fazer o pão com meu pai, um bom velhinho, sem dúvida. Estes dias de chuva,
ficarão em minha alma para sempre, como um presente do Universo.
Com café pretinho, feito na hora, ok??
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