A rotina em uma roça é mágica, porque o “sempre fazer a mesma coisa” parece que não rola do mesmo jeito que na cidade.
Aqui também pega-se ônibus, embora nunca se saiba o que vai subir no próximo ponto.
Pessoas e animais passeiam pelas rotas feitas pelo homem, que aliás, se
dissolvem com as chuvas; Impressionante como o asfalto vai embora
debaixo de forte aguaceiro, barreiras caem por todo lado e metade da
pista, em muitos trechos, é engolida pela força do rio.
Nas noites de viagem, quando volto pra casa depois de alguns dias em
Sampa, eu sinto aquela vontade de chegar logo na roça. Venho pela
estrada curva e perigosa da Mantiqueira, ziguezagueando sem saber ao
certo o que vou encontrar pela frente.
Porque da última vez, 3 vacas no meio da estrada, quase as 22h, depois
de uma curva, não é nada bom de se encontrar. Brequei com força, o que
fez com que elas corressem pro outro lado da curva. Aqui é de lei os
carros piscarem os faróis sempre que tem “boi na linha”. Ver um carro
piscando os faróis quer dizer que posso encontrar vacas, búfalos, lobo
guará, gatos do mato...
Estes dias falei com o Juninho, um moço bonito aqui da roça, pele
branca, olhos azuis como o céu e cabelos negros e ondulados. Moço lindo
mesmo, que na juventude, sonhou em ser modelo. O pessoal da cidade
levava fotos, mas não sei o que faziam com elas. Ficava só a promessa
pro moço de que ajudariam no processo. Vou dar as fotos pra um
amigo...que nunca ligou de volta, sabe?? Juninho tá ficando velho,
cansado da lida da roça, dura e pesada, em sol quente, todo santo dia
levantar cedo, e cuidar da terra de outra pessoa pra ganhar 40 reais por
dia.
E ele é moço sensível, gosta do cheiro da terra, da cor das flores, dos
bichos, e foi com ele que fiquei sabendo que tem jaguatirica, sim
senhor, na mata lá na frente. Ele já viu uma, que chegou bem perto
deles, que emudeceram e fizeram “estátua”, lá no regato onde tomavam
água. Lambeu os beicinhos cheios de dentes pontudos e foi embora, como se
eles fossem parte da decoração selvagem da floresta.
Que tesão...jaguatirica, gente, gato lindo e selvagem, criados por
hábeis engenheiros da Mata. Porque deve ter engenheiro da Mata,
Engenheiro dos insetos, Como na grande música dos Valar, que encheram de
vida este planeta lindo onde moramos, brutos que somos ainda no lidar
com as belezas naturais.
Hoje acordei com os animais. Ontem também. E amanhã, se o Universo me
permitir, acordarei mais uma vez, para minha rotina na roça.
Obrigada, Universo, por todas estas belezas que eu vejo e ouço. É mesmo mágico morar na terra, assim tão repleta de vida.
Conto minhas aventuras vividas em um sítio de 44 alqueires, em São Francisco Xavier, São Paulo. Lugar maravilhoso.
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