Os papéis no escritório amontoavam e eu tentava, naquela manhã, dar ordem em tudo aquilo.
Mas meus olhos grudaram na tela de uma televisão, displicentemente
ligada. A moça que dava a notícia titubeava ao informar o que estava
acontecendo, ela mesma sem saber o que era aquilo tudo. Estranho como
tudo parou dentro de mim, menos a sensação do coração batendo forte.
Hoje, sentada aqui na frente do computador, penso no destino daquelas
pessoas e no meu próprio. De alguma forma encantada, que só Deus pode
saber de onde vem, a humanidade que há em mim me ligou ao acontecido, e
minha alma gemeu de dor.
Ser humana, homo sapiens, igual a qualquer outro no planeta.
Somos todos a mesma coisa, e tão diferentes mesmo assim.
Nossas estórias pessoais são particulares, mas nossa humanidade, não! Nossa humanidade faz de nossa estória uma só.
E a consciência de que caminhamos juntos, na mesma esfera azul, faz com
que esta estória seja ainda mais dramática, pois que rodamos ligados uns
aos outros pelo universo, escrevendo nossas estórias através do tempo e
do espaço, pelo infinito afora.
Somos seres capazes de atos atrozes, contra seres de nossa própria
espécie quanto de outras. Violamos, escravizamos, torturamos. Tiramos
sangue e dor de qualquer ser vivo que passe em nossa frente. Destruímos
habitats inteiros por puro capricho, tirando do natural animais e
plantas, sem piedade ou peso na consciência.
Mas a sombra mostra também a luz.
Mostra as mãos que se estendem, as vozes que se levantam no lamento por
seus irmãos. Fala da força da união quando nos damos as mãos para algo
maior.
Na minha cabeça, penso que ainda teremos muito a sofrer, muita sombra
ainda. Não porque não acredito na evolução humana. Apenas acredito que
esta evolução se faz a pequeninos passos, lentamente, ás vezes levando
os séculos nas costas.
E nossa estória coletiva ainda vai escrever muitas estórias
particulares. Nosso planeta azul ainda vai viver fortes emoções. E eu
vou apenas fazer a minha parte, da melhor forma possível.
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