Hoje, de manhã bem cedo, quando o sol já estava deixando tudo claro lá fora, eu percebi, pelos movimentos da Tequila, minha gata, que um dos passarinhos da varanda havia começado as aulas de voo de seu filhote. Pensando bem, escrevendo agora (acho que é o único jeito de eu pensar bem - assim como a única forma de saber se eu pinto ou não determinado tema é pegar na massa e sair pintando, com pincel em riste) eu acho que saber que Deus existe é a mesma coisa do passarinho...eu não vejo, mas sei, pelas reações que vejo na natureza, que Deus existe.
Conto minhas aventuras vividas em um sítio de 44 alqueires, em São Francisco Xavier, São Paulo. Lugar maravilhoso.
terça-feira, 10 de outubro de 2023
O bebe pássaro na janela e Deus na Natureza (sexta-feira 13 setembro 2013 09:36)
Voltei a dormir, porque vi que Tequila relaxou as costas, apoiou o corpo
no tapete e fechou os olhos. Ótimo, pensei. Voaram em paz e tudo ficou
bem na roça, pelo menos agora de manhã. Não foi verdade exatamente, pois
algum tempo depois, lá estava a Tequila, mostrando através de sua
expressão corporal, que algo estava errado (para o pássaro).
Sou da Natureza e acho que esta tudo certo nela (apesar de ter
concordado com a Emília, na Reforma da Natureza, que alguma coisa
poderia ser mudada..kkk). Então, gatos fazem exatamente o que a Natureza
determina, cães também, e cobras e todo o resto de seres mortais que
caminham pela Terra abençoada..todos somos aquilo que somos. E ponto
final.
Ouvi o bater assustado das asas no vidro: o passarinho estava dentro de
casa. Havia entrado pela pequena abertura do vidro, que eu havia deixado
para a gata sair e fazer suas necessidades lá fora. Afinal, gatos tem
um coco e um xixi forte demais para deixar fazerem isso em meus tapetes.
Sabe qual foi minha primeira reação?? Agarrar a gata, porque era o
principio do problema. Ela é muuutio boa em caçadas, e aquele bebe
emplumado não teria chances em suas primeiras tentativas aladas. Seria
uma pena não dar uma segunda chance ao lindo emplumado que se debatia no
vidro, louco para sair. Triste ver a situação da mãe, que ficava
exatamente no mesmo lugar do filhote, só que do outro lado da
transparente cortina que os separava.
Encantei-me um segundo com esta visão de amor entre mães e filhos.
Lembrei de grandes e pequenas tragédias humanas, onde pais veem seus
filhos morrerem antes deles, na sequencia natural da vida. Dor maior.
Pensei nas famílias que tem seus filhos levados por estranhos, e passam o
resto de seus dias com o coração na garganta, tentando respirar um ar
pesado de dor e separação, insegurança e medo por seu rebento tirado à
força de seus braços por homens cruéis.
E somos uma raça bem cruel. Somos capazes de coisas horríveis, em nome
de qualquer assunto, seja Deus ou futebol. Prender alguém com requintes
de crueldade, torturar, arrancar seis, enfiar coisas pontudas nos
corpos, fazer o irmãos gemer e enlouquecer de dor....o que é isso, minha
gente?? Somos feitos de poeira cósmica, somos filhos das estrelas,
temos a semelhança do Criador e, ainda assim, temos as trevas carregadas
ao extremo dentro de nós mesmos. Somos monstros muitas vezes.
Muitas vezes.
Bem, depois da digressão (obrigatória), volto ao passarinho, que depois
de voar, debater, voar de novo e se debater novamente, conseguiu, com
meu empurrãozinho, sair pela única janela que deixei aberta: a única
onde a Tequila não entra com seus pulos incríveis: ela ficou do lado de
fora da casa, gritando nas janelas para entrar. Durante a tentativa de
colocar o bebê para fora, ela fechou as patinhas duas vezes, exatamente
no lugar onde o passarinho estava, e foi engraçado ver a cara dela
quando não viu pássaro algum nas unhas. Engraçado ver como o vidro
separa mas não deixa isso claro, né?? Pelo menos não aos animais, que
não entendem nada do funcionamento de uma janela.
Voou aliviado. A mãe dele ficou aliviada.
Eu fiquei aliviada.
Tequila está lá fora, no sol, ainda sem entender bem como conseguiu
perder, duas vezes, uma refeição fresquinha, já garantida, ali bem na
frente dela.
Coisas da vida, minha gatinha, coisas da vida.
Sigo com as coisas da roça.
Sigo verde.
Feliz.
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