Damien Hirst é um artista britanico e terá a primeira retrospectiva de sua carreira na Grã-Bretanha, entre 04 de abril e 09 de setembro de 2012, financiada pela Autoridade dos Museus de Catar, reunindo mais de 70 obras de Hirst.
For the Love of God,
que arrecadou o equivalente a 100 milhões de dólares em 2007 quando foi
vendido a um consórcio de investidores incluindo o próprio artista, é
um dos seus trabalhos mais famosos e controversos. Um crânio humano com
forma de platina, do século 18, foi coberto com 8,6 mil diamantes,
incluindo um rosa de 52,4 quilates estimado em 4 milhões de libras (6,3
milhões de dólares). Assim como boa parte da obra de Hirst, a escultura é
um comentário sobre a mortalidade, a morte e as forças do mercado.
Até ai tudo bem. Qualquer site de notícias pode comentar muito parecido com o que eu escrevi em cima.
Mas olhar as
obras de um artista é uma experiência bem louca, porque é única e
intransferível. Pode contagiar, como qualquer emoção faz, como um
bocejo... Pode mudar a vida de alguém, ou marcar um acontecimento para
sempre.
Um dia eu
assisti um filme de terror, chamado "A Cela". Ideia era bem legal. Uma
especialista em autistas entra na cabeça de um assassino em série para
saber se consegue ler os pensamentos do moço, que esta em coma e com uma
vítima, possivelmente ainda viva, em algum lugar. Na cabeça deste
psicopata, ela encontra um universo bem estranho, incluindo (e é ai que
eu quero chegar) uma cena onde um cavalo é fatiado em centenas de fatias
finas por dezenas de lâminas que saem não sei de onde e, quando se
recolhem, o corpo fatiado do cavalo cai em sangue e coisas nojentas
espalhadas para todo o lado.
Esta cena do
cavalo é muito parecida com a obra de Hirst. Suas ovelhas, vacas,
tubarões, nadando em líquidos conservantes é como entrar na cabeça de um
artista e sentir o que ele sente quando se fala (em imagens) sobre a
morte, a vida...
Olhar sua
interpretação de Adão e Eva é, no mínimo, desconcertante. Um exercício
de mórbida curiosidade para saber se debaixo daqueles lençóis azuis
estão nossa origem bíblica: dois buracos mostram os sexos dos corpos,
com seus pelos e tudo. É o que se desvenda de Adão e Eva: o fato de que o
casal primevo da humanidade foi reduzido a um impulso sexual, que move a
todos nós desde então.
A vaca
crucificada numa parede branca me faz pensar seriamente em ser
vegetariana. Ver a carcaça escancarada e vazia da vaca, que doou tudo
para a humanidade se refestelar, ali pendurada faz pensar, não é??
Então um
artista não está no mundo para que estes rompantes artísticos nos
perfurem a casca grossa, e nos atinjam em cheio no âmago do ser?
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